A idéia era sair no domingo para evitar o tradicional e caótico transito do Rio de Janeiro, mas a ressaca era “braba”. O churrasco da família na casa do irmão Bruno foi pesado e dava para sentir o fluxo de sangue sendo bombeado em todas as veias da cabeça... olhei para a Ana e ela só abriu 1 olho.

Dane-se,  vamos na segunda-feira mesmo.

Depois de arrumar o carro na ressaca da ressaca, tudo foi fácil demais.  Era uma segunda-feira  e estranhamente não tinha transito, a Lagoa Rodrigo de Freitas não estava transbordando, não teve acidente no Túnel Rebouças,  não encaramos arrastão na Linha Vermelha e não apareceu ninguém para tentar limpar o para-brisas com um liquido sujo. Parecia que a cidade tinha parado para não atrapalhar a partida... e isso era estranho ....muito estranho. 

Pensei comigo mesmo: iiiiiiiiiiiiii  vai rolar alguma enrrascada.....

E não deu outra. Na primeira parada na Dutra colocamos diesel em um posto de gasolina e 300km depois uma luz no painel indicava que havia água misturada no diesel e que o carro deveria seguir para uma concessionária autorizada.

Que maravilha... 2 horas esperando o guincho e lá fomos nós

dentro de um taxi em direção à Campinas seguindo o

Farofamóvel , que balançava em cima do reboque e o Tapa

latindo desesperadamente a quase 3 metros de altura.

 

 

Chegar em Campinas foi mole, mas achar a concessionária foi mais uma missão a ser cumprida.  Os motoristas do reboque e do taxi eram de outra cidade e não conheciam nada.

Aí lembrei:  Rárá, meu GPS rodoviário!   Mas o GPS deu pau e começou a travar direto.  E era reset, Iniciando Windows, transferindo dados do cartão, tela travada; Reset, Iniciando Windows, Transferindo dados do cartão, tela travada ... e essa sequencia  se repetiu 500 vezes.E  depois de diversas tentativas  consegui fazer a budega funcionar.

Mas aí começou a 3ª missão : A Toyota ficava em uma rua chamada Luis Otavio, e o GPS dizia que existiam 3 Ruas Luis Otavio em Campinas!  A “nossa “ Rua Luis Otávio ficava no bairro Mansões e nenhuma dessas opções eram nesse bairro!  Procurei  no mapinha do Iphone e o mesmo resultado...  nenhuma na tal Mansões.  Depois de colocar meus últimos 3 neurônios para funcionar  um  dos  3 pediu para tentar Luis Octavio... DEU CERTO!

E lá fomos nós, ouvindo aquela voz feminina do GPS avisando que estávamos “acima da velocidade permitida” rumo ao bendito destino.

Desovamos o Farofamóvel  no estacionamento e seguimos para o Hotel indicado pelo seguro do carro. 

Na hora de descer o carro era engraçado... o Farofamóvel é tão pesado que as rodas do caminhão ficavam no ar a meio metro de altura quando era colocado pra baixo.

Quando  chegamos , não dava para acreditar... o hotel era uma espécie de prédio mal assombrado em reformas com um grupo de 30 pessoas fumando crack na porta.  A Ana avisou: “Não vou nem saltar do carro”.

 Vi então um letreiro escrito Hotel na ponta de um prédio ao longe e lá estacionamos nossas carcaças.

Acordamos no dia seguinte e fomos para a Toyota.

Tem uma coisa que gosto muito no Estado de São Paulo:  as coisas funcionam.  Em menos de meia hora me atenderam, consertaram e me ensinaram a trocar o filtro de combustível.  O pessoal da oficina ficou interessado na viagem, queriam saber tudo sobre a expedição  e deram uma super atenção.

E lá fomos nós 3, sem água no diesel,  rumo a Ribeirão em uma estrada que parecia um autorama, porém recheada de pedágios.  

Paramos para comer uma comida mineira e lá uma moça apareceu e quis tirar foto ao lado do “cachorro famoso”

O GPS nos levou para Ribeirão direto à casa do cara onde comprei, via Mercado Livre, uma grua para incrementar as filmagens. Grua testada e paga, voltamos para estrada.  Daí deu uma canseira danada e minha dor no ombro começou a ressuscitar.  Ter aquela “ziquizira” em um posto no meio da estrada? Nem pensar... arreguei e fui para um hotelzinho no centro da cidade.

No dia seguinte o dono do hotel queria saber que diabo de carro enorme era aquele. Expliquei e o cara adorou, quis meu cartão e nos deus 2 bones bacanas do hotel. Disse que ia acompanhar a viagem na web.

E voltamos para o autorama,  e mais pedágios apareciam curva após curva e o maço de dinheiro ia murchando. As estradas RJ-SP-PR já custaram mais de 200 pratas!

De repente, já no Paraná, nas proximidades de Londrina, de noite,  o Farofamóvel começa a tremer! Achei que era balanceamento, mas não era! O pneu traseiro tinha feito uma bolha entre a borracha interna e a externa, o que os borracheiros chamam de “deslocamento”.  Trocando em miúdos, defeito de fabricação. Não adiantava vulcanizar nem nada.... era pneu pro lixo. Ainda bem que o pneu não explodiu, mas foi por muito pouco.  Aquele pneu sempre foi ruim, pois já furou 4 vezes.

Desci os estepes zerados que ficam no teto e rodamos uns 600 kms rumo à Foz em busca de pneus novos pela metade do preço.

Chegando em Foz do Iguaçu percebo um cara no carro de trás tirando fotos do Farofamóvel. A Ana ficou meio bolada e expliquei que o cara devia gostar do site.  Não deu outra, e no sinal o cara abre o vidro, diz que é do Rio, e que usa o site direto ... que está acompanhando a expedição desde a construção do carro. Achei  maneiro...

Seguimos em busca de um hotel pois no interior do Farofamóvel  tem uma roda enorme sem pneu na nossa cama...

Acordamos no dia seguinte com uma chuva brava. O hall o hotel estava cheio de velhinhos onde a metade espirrava e a outra metade usava mascara contra gripe A. A missão numero 1 era providenciar 4 pneus, depois comprar uma maquina fotográfica maneira no Paraguai.

Liguei para o Roni do http://desvendandofoz.blogspot.com/ que sabe tudo da área. O cara me deu boas dicas sobre Foz e lá fomos nós rumo à fronteira.

Chegamos de tarde no pandemônio chamado Ciudad Del Este com o céu desabando. Um monte de gente de mascara,  2000 lojas vendendo artigos eletrônicos cobiçados e preços nem tão atrativos quanto imaginávamos.  Em 1 hora cumprimos nossa meta e ralamos fora.

Cruzamos a Ponte da Amizade e estávamos em Foz outra vez, graças a Deus. Dormimos em um camping muito maneiro, chamado Camping Internacional, onde algumas pessoas que viajam o mundo de carro se hospedam.

Ali estão estacionados 2 mega caminhões off road da Alemanha, que já cruzei diversas vezes na Patagônia.Piscina, banheiro super limpo, Wifi liberado, escritório para trabalhar no notebook, área gramada com churrasqueiras e muita sombra... tudo por  15 pratas por cabeça.  A simpática senhora Matilda é a dona do lugar e gosta de uma boa conversa.

 

De noite,em meio a um frio da pesada,  recebemos um convite do pessoal do Hotel Bella Italia http://www.hotelbellaitalia.com.br para a Noite Italiana que rola na quarta e no sábado.

Comida de primeira, qualquer queijo que você possa imaginar e um saboroso rodízio de massas. Lá, fomos recepcionados pelo Andre e sua esposa Carla.

Casal maneiro de papo fácil. O André trabalha na Loumar Turismo http://www.loumarturismo.com.br/ que comercializa um passaporte local com os melhores passeios. A vantagem do passaporte é que fica entre 30% e 40% mais barato comprar com eles.  Eles nos deram 2 destes de cortesia para curtir a região.

No dia seguinte lá estávamos nós, entrando no Parque. Minha segunda vez ali... que lugar maneiro e organizado...

Depois de guardar o Farofamóvel no estacionamento, um ônibus nos leva para o começo da trilha até as cataratas.

Nossa! Sol a favor e um lindo Arco Iris! Que sorte a nossa!

Depois de babar vendo a maior cachoeira do planeta, pegamos um elevador panorâmico e fomos almoçar no restaurante do parque. Comida boa no maior visual. Na borda do outro lado do rio fica a Argentina com uma imponente bandeira azul e branca.

Depois de comer muuuuuito, fomos fazer o que toda pessoa normal faz depois do almoço com a barriga explodindo: sair quicando em um bote inflável rumo aos pés das cataratas.

No bote inflável com dois motores de popa tinham aproximadamente  15 pessoas, e dessas 15 apenas duas gritavam. Uma criança de 3 anos de prazer e a Ana de desespero.

Tomar um banho de água gelada dentro de um bote nos pés das cataratas é um dos passeios mais legais para se fazer em todo o Brasil. Quando  visitar a área, não perca essa oportunidade.

 

Encharcados e com frio voltamos para o camping vendo no fim da estrada um espetacular por do sol alaranjado.

No dia seguinte, o programa foi visitar o Parque das Aves . Lá  a gente entra em uma mega gaiola.

Onde um monte de tucanos, araras, papagaios e aves que nem sei o nome dão vôos rasantes.

É bem bacana ver aqueles animais tão de perto e soltos. Ali é bom tomar cuidado para um tucano não pousar na nossa cabeça.

Teve uma espécie de pavão que tentou comer o cabelo da Ana. Acho que ele pensou que era Miojo.

No final do passeio tiramos fotos com uma arara no braço e um cobra enrolada no pescoço. Foi o nosso dia de Tarzan e Jane enquanto nosso “chipanze” Tapa nos aguardava no estacionamento.

O Farofamóvel tem se revelado um lar confortável e agradável. Pelo visto , morar 2 anos no carro não será nenhum incomodo.

As burocracias já começaram para atravessarmos a próxima fronteira.

Argentina! Lá vamos nós!

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