No nosso penúltimo dia nos Estados Unidos aconteceram 14 tornados no mesmo dia. Pegamos um deles em Miami, conforme o videozinho gravado com celular. Nada de especial, mas teve um outro bem grave com mortes.
O detalhe engraçado é que o lugar mais seguro para se ficar durante um tornado é dentro da banheira. A casa voa, mas a banheira fica no lugar, e se você estiver dentro dela, por incrível que pareça, você não sai voando também.
Nesses dias, teve o caso de uma senhora que se fechou no closet e a casa dela voou pelos ares. Só sobrou o closet e a senhora sobreviveu. A casa sumiu.
Na América, passamos no total por: um terremoto em San Diego, muitas nevascas no pior inverno da história e um tornado em Miami. Tivemos a sorte de chegar depois da época dos furacões. O negócio na América do Norte é realmente animado.
Nossa experiência nesse país foi fantástica. Apesar de todo mundo, no próprio país, dizer que viajar no inverno é estupidez, os momentos que passamos provaram o contrário. Viaja-se para conhecer o que não temos em casa: neve, desertos, cânions.... A natureza lá é linda e o povo americano foi uma surpresa agradável. Os caras são maneiros, curiosos, querem saber tudo. Tiraram fotos do carro e da gente todos os dias, várias vezes por dia. Em 5 meses não cruzamos com nenhum carro estrangeiro, exceto carros canadenses e achamos isso estranho. Talvez por ser inverno... Em suma, foi bom pra cacete!
Valeu América!! Valeu Burger King!! Valeu Mc Dejetos!!!
Era hora de partir. A Europa era nosso próximo target. Viajar com cachorro para Europa requer um planejamento mínimo de 3 meses de antecedência e muuuuitos papéis, exames e veterinários pelo caminho. Amigo... uma burocracia que faria até Dalai Lama arrastar o saco no chão.
Levar um cachorrinho pequeno para Europa é normal. Madames fazem isso todos os dias, afinal eles podem ir dentro do avião na primeira classe. Mas levar um labrador com quase 50 quilos de pura esculhambação é encrenca certa. As aduanas e companhias aéreas vão te tratar como excêntrico e você terá que encarar uma gincana digna daquele programa de TV chamado “The Amazing Race”.
Em suma: o vagabundo fedorento não pôde ser entregue no check-in com as malas. Tivemos que levá-lo para o terminal de cargas da Continental Air Lines, a 15 km do aeroporto. Que sacanagem... levamos ele rápido, muito rápido, no esquema SWAT.
Desovamos o sacana e voltamos rápido, mais rápido ainda, depois de tomarmos uma dura onde revistaram até a nossa alma. Chegamos no avião, por incrível que pareça, 10 minutos antes. A senhorinha, aquela senhorinha desgraçada, não deixou a gente entrar.
-Mas minha senhora, nosso cachorro está no avião!!!
-Não tem problema.
Ela liga o rádio e diz:
-Tira o cachorro daí.
Que saco...
-E as malas? Nossas malas estão no avião!
-Vocês pegam elas em NY.
-Qual o próximo vôo?
-Daqui a 4 horas.
-O cachorro não foi junto com as malas? Tem certeza?
Ela olhou para a gente com aquela cara universal de: “Qual é a sua, mané?”
E não estava mesmo.
Caraca... agora nós tínhamos exatos 45 minutos para sair do vôo da Continental em NY, pegar o cachorro e entrar no avião para TAP rumo à Lisboa. A probabilidade disso dar certo era de 2%.
Mas a Ana estava firme e focada:
-Vai dar! Vai daaaar!!!
Nosso novo vôo atrasou uma hora.
-Ferrou! Perdemos o vôo para Portugal!
-E se o cachorro foi junto com nossas malas? Vamos perder nosso amigo fedido!
-Nem fala isso, Gustavo.
Só descobrimos, com certeza absoluta, que o cachorro não tinha no ido vôo para Lisboa quando chegamos em Nova York e o nosso Tapinha estava lá. Nos esperando na Continental Cargo, Terminal C.
Agora nossa missão era agüentar firme mais 26 horas no chatíssimo aeroporto de Nova York.
Pô, aquele filme “O Terminal” com Tom Hanks veio na nossa cabeça naquele momento. Mesmo aeroporto, outra estória, mesma delonga. Tom Hanks tinha uma vantagem sobre a gente: ele não tinha um cachorro maluco que faz mega-cocôs de 3 kilos.
Quando deu meia noite eu já parecia um refugiado, com a roupa toda amarrotada e todo sujo. Todo esculhambado. Minha fantasia de bom menino, barba feita, cabelo penteado, camisa por dentro da calça e cinto!!!!! Cintooooo!!! estava se desmanchando. A máscara estava caindo.
Chegar na Europa com cachorro a tira colo... eu estava preocupado com isso. O cara da aduana poderia entrar na paranóia que eu estava indo morar lá e por isso levava o cachorro comigo ... sei lá.. paranóia.
Nossa hora chegou. Partimos com tudo para Lisboa. Terra de Cabral, lá vamos nós!!
O único detalhe relevante do vôo é que passou um filme chamado “Amélia”. Durante as fortes turbulências noturnas do Oceano Atlântico, vimos este filme sobre a primeira aviadora tentando atravessar o Oceano Pacífico. No final a mulher MORRE EM UM ACIDENTE DE AVIÃO!
Porra!! Tá de sacanagem!! Colocar isso num vôo transatlântico!
Pousamos em Lisboa. Não morremos.
-Pô Ana, vindo dos EUA eu li que os caras não arrocham na dura da aduana.
-Tomara.
Para nosso azar, chegamos junto com um avião da TAM, vindo do Brasil, cheio de mulheres da vida fácil. Só rampeira heavy metal, com top de oncinha e calça de ginástica.
-Ferrou Ana...
-Ferrou Gustavo.
Duas horas na fila e o veterinário do areoporto chamando o dono do cachorro no alto falante. Tensão.
Chegou nossa vez. Fomos juntos.
Ana fez cara de paisagem e eu
fiz cara de por favor.
2 carimbos, tchau.
Deu certo!
Alugamos um carro e partimos de Lisboa pela ponte Vasco da Gama morrendo de sono.
O destino era Portimão, 3 horas de carro ao sul. Lugar bonito com vento forte. Nossa casa na Europa no mês de espera pelo Farofamóvel.
Para nossa sorte, e por uma feliz coincidência, encontramos com meu pai, Zé Adolpho, nessa linda cidadezinha portuguesa.
Juntos, eu e meu pai, temos duas Anas Marias. Ele tem a dele e eu tenho a minha.
Na semana seguinte, nós 5 demos um belo rolé pelas agradáveis cidadelas portuguesas.
Fomos em Sagres. Sudoeste do Cabo de São Vicente.
Lá está a Fortaleza de Sagres, também conhecida como Castelo de Sagres.
Nesta pequena cidade de menos de 2000 habitantes ainda é possível ver o pessoal jogando bocha nas praças.
Passamos pelo gótico Mosteiro de Batalha, na cidade de Batalha. Na verdade, seu nome é Mosteiro de Santa Maria da Vitória e demorou 2 séculos para ser construído, ao logo de 7 reinados em Portugal.
Ele é lindo e dentro dele está o túmulo de D. João.
Partimos para Nazaré.
Uma cidade onde todas as casinhas são brancas com seus telhadinhos vermelhos.
Chegamos no dia que estava tendo a procissão de Nossa Senhora de Nazaré. Sorte!
Uma festa muito bonita que começa na terra e acaba no mar. Lembra muito a procissão que temos em Angra dos Reis todo dia 1o de Janeiro. Vale lembrar de “O Círio de Nazaré” que acontece no Brasil é a maior manifestação religiosa católica do mundo e uma das mais tradicionais também. Ela acontece em Belém do Pará anualmente no 2° domingo de Outubro.
Foi muito bacana ver as portuguesas vestidas com roupas típicas.
A parte alta da cidade fica em uma formação rochosa muito peculiar.
Lá de cima a vista é linda. Muito linda.
Demos uma passada em Fátima, lugar onde 3 crianças, Lucia, Jacinta e Franscisco, em 1917, tiveram a visão da Virgem Maria que lhe revelou 3 importantíssimos segredos. O primeiro foi a 1ª Guerra Mundial, o segundo foi a 2ª Guerra Mundial e o Terceiro Segredo nunca foi revelado. Cinco dias depois o Papa foi ali rezar e foi um grande acontecimento aqui em Portugal.
Passamos em Coimbra, que tem uma importância historia enorme para o País, porém sem grandes atrações turísticas. Os estudantes da Universidade de Coimbra usam uma capa preta bem característica.
E chegamos na cidade do Porto, com suas 6 lindas pontes sobre o Rio Douro.
Na beira do Rio Douro existem restaurantes e bares bem legais com comidas espetaculares, e claro, vinhos do Porto da melhor qualidade.
E na Vila Nova de Gaia, em Porto, visitamos a Cave Porto Vasconcellos. Tivemos uma bela lição de como se fabrica o vinho do Porto e bebemos algumas doses de várias safras diferentes.
Nas ruas espremidas do Porto comemos frutos do mar super saborosos e bebemos vinhos conhecidos no mundo inteiro: do Porto, claro!
Comidas e bebidas maneiras |
Em nossa última semana nos EUA estávamos completamente enjoados e enojados da comida local. Procuramos ao máximo não comer as frituras e gorduras típicas da comida americana, e conseguimos. Em frente ao hotel onde passamos nossos últimos dias na terra do Tio Sam, comemos, num excelente restaurante cubano. Comida e preço muito bons.
Bife, salada e a “bendita” da batata frita rsrsr... o diferencial da comida cubana é que quase todos os pratos são comidos com limão. Muito limão. E como nos somos as únicas pessoas do mundo (que conhecemos) que comem arroz e feijão com limão... ficamos felizes da vida!!!
Também perto do hotel achamos um restaurante chinês, cozinha muito tradicional no país, e comemos um delicioso arroz com camarão e como entrada sopinha do dia. Muito bom!!!
Uma de nossas expectativas em atravessar o Oceano Atlântico em direção ao velho continente era em relação à comida local. Sabíamos que por aqui iríamos comer com mais qualidade. E assim foram nossos primeiros dias na terra dos nossos descobridores... muito peixe, salada e bons vinhos. Os preços das comidas aqui em Portugal são bem mais baratos que no resto de toda Europa, e por conta disso, estamos aproveitando.
Em nossa primeira semana, tivemos a divertidíssima companhia de meu sogro, Zé e Ana Maria, minha xará, que estavam viajando pela Europa. Passeamos muito, conversamos, comemos muito bem e rimos um bocado. Nos restaurantes locais, tudo, absolutamente tudo, é cobrado na conta. A saber... pães, patês, azeitonas, queijos, etc etc etc com seus preços detalhados. A boa é sempre pedir o prato do dia e pular as guloseimas iniciais. Bom para a barriga e para o bolso. O forte da região é sempre o peixe.
Em nossa primeira noite comemos um delicioso peixe chamado “Halibut”. Eu pedi grelhado...
E o Gu pediu frito...
Ambos estavam deliciosos. Já o Zé e Ana comeram “Bacalhau a Lagareiro”, também muito saboroso...
Esses dias, claro, que não deixamos de provar a principal cerveja local, a Sagres. Muito boa cerveja, leve e encorpada... bebemos algumas!!!
Até a próxima semana!!!! |